sábado, 23 de fevereiro de 2013

Ufa!

Estou finalmente no final da tal da especialização em saúde da família. No último mês, todo a minha energia criativa foi drenada para o trabalho de conclusão. Não sobrou tempo para o blog.
Enquanto escrevo, o Maria do Bairro toca (quase meia-noite) seu carnaval atrasado a 50 metros da minha casa. Marido dorme no sofá. Crianças na suas camas. Não tenho a menor ideia de como fazem isso, visto que, dentro da minha casa, não costumo escutar música em volume tão alto. Deve estar bom lá embaixo. Só que acho que cresceu demais. O Maria do Bairro era isso: um bloco de carnaval de bairro. Do meu bairro. Meia dúzia de pessoas a tocar um tamborim, um bumbo e um surdo. Talvez alguns metais e um doido se fazendo de puxador. Tocavam umas marchinhas aqui na rua, na semana antes do carnaval, das três da tarde às nove da noite. E aí ia todo mundo para os bares continuar a folia em outro lugar. E quem mora aqui (sim, a Cidade Baixa é um bairro residencial) ia fazer o que bem entendesse: escutar a Abertura da 1812, olhar a novela, dormir, fritar bolinhos, pular num pé só... Ou descer para a rua e ir para o boteco mais um pouco. Ou não. Eu, moradora da Cidade Baixa, aproveitava a festa, o povo e a folia e mantinha meu direito de escolha. Hoje, não é bem assim. Já é quase meia-noite, estou meio cansada do sambão (muito) desafinado que tocam lá embaixo. Acho que já estão bêbados. Virou trio elétrico. Virou main stream. Perdeu a graça. Cresceu demais. Continuo a gostar do carnaval, da ideia, do repertório. Mas sinto-me menos respeitada. Trabalhei 12 horas a ouvir queixas de famílias e crianças doentes. Cheguei em casa, dei banho nas crianças, acalmei-as, pois o barulho excessivo deixou-as agitadas. Tentamos chegar mais perto do trio elétrico, mas Luísa ficou com medo do barulho, achou muito alto. E já estava escuro, pois o carnaval já passou e o horário de verão acabou-se. Sinto-me cansada. Queria desligar o som e ir dormir, mas não posso: o som está fora do meu alcance.
Que postagem mais mal-humorada! É, acho que estou meio mal-humorada mesmo. Mas quis escrever mesmo assim.

Nossa reforma da casa nova bem velha vai a todo o vapor. Espero que fique bem lindo quando acabar, porque agora está assustadora. Mas acho que reformar a casa é um exercício necessário de desapego. Precisamos ir adiante. E manter a nossa linda casa na família.

Que alívio! Eles pararam de cantar o samba que estavam a tocar há exatos 12 minutos, 2 frases musicais repetidas de novo e de novo e de novo. Agora voltaram para as marchinhas. Próximo à tortura, no meu estado de cansaço.
Sigo no mau humor. Prometo que no próximo carnaval vai ser melhor.