segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Concurso 2

Para quem não conseguiu ler a reprodução do meu caderno de provas, transcrevo.
29.09.2013
Blog de Prova
Então cá estou, ao término do concurso para o GHC (Grupo Hospitalar Conceição), a empunhar o meu velho lápis japonês. E de princesas! Emprestado pela Luísa para dar sorte. O concurso público impossibilita os meios eletrônicos. Sem iPad para mim. Celular desligado. E preciso esperar. Segundo a regra vigente, somente é possível levar o caderno de provas transcorridas duas horas do início da mesma.
Neste momento, tenho exatos 52 minutos para escrevinhar no verso do caderno de provas. Por sorte, sobraram três folhas em branco para preencher.
Já pensou? Talvez sejam os únicos registros da minha obra literária para a posteridade (pois sim!, logo dirá um leitor).
Na sequência da postagem anterior, fiquei a matutar sobre todo o corpo de conhecimento e tecnologia obsoletos  que criamos, digamos, nos últimos 50 anos. Quem é que já viu um leitor de microfilme? Vinte e cinco anos atrás, o suprassumo da modernidade. La pièce de resistence de qualquer museu ou biblioteca com acervo de valor. O pesquisador ia pessoalmente ao local do acervo. Após alguma burocracia, sentava-se diante de uma geringonça do tamanho de uma geladeira, com uma tela preto e branca no meio de tudo, e punha-se a ler e fazer suas notas sobre seu objeto de pesquisa. Fico a imaginar quantas horas, pessoas, valores foram gastos para produzir-se uma ideia, transformá-la em tecnologia e, finalmente, manufaturar as tais "geladeiras" com tela. E mais todo o esforço para microfilmar os documentos preciosos, dando acesso aos pesquisadores, ao mesmo tempo que os resguardavam das suas mãos cheias de dedos, oleosidade e germes.
Depois, começou a digitalização. Eu me lembro do primeiro scanner (de mão) comprado lá em casa. Era um aparelhinho parecido com um leitor de código de barras. A gente passava o negócio lentamente por cima da foto (ou o que quer que fosse) e... Presto! Aparecia na tela do computador. O legal é que dava pra passar bem rápido ou em curva e, assim, criar uns efeitos legais. Foi a primeira vez que nós, reles mortais, pudemos colocar coisas para dentro do computados. Até então, produzíamos o conteúdo no próprio aparelho. Na verdade, uma máquina de escrever sofisticada, com alguns recursos para desenhar coisas e a possibilidade de gravar em um disquete ( lembram?) ou imprimir. E isolados, cada um na sua ilha digital, cujo melhor entretenimento consistia em jogar paciência.
A primeira vez que vi uma foto e um filme (se é que se pode chamar assim, quadros em sequência, com uma definição medíocre) com som, foi quando instalamos uma enciclopédia em CD. Hoje, vinte anos depois, totalmente obsoleta em forma e conteúdo, era o suprassumo da modernidade. Nos livramos de quilos de papel, para o pânico de alguns e a felicidade de outros.
Os livros, jornais e papel não desapareceram. As enciclopédias sim, para o meu alívio e a tristeza do meu marido, que adora... Dado o tamanho e o movimento das livrarias de shoppings, acho que o papel escrito ainda dura um bocado.
Ainda tenho 25 minutos de espera e o papel está quase no final.
Joana tem se comportado melhor. À noite, ao menos. Durante o dia... Fora o carpete com obras de arte em giz de cera e esculturas em papel a partir de livros, bom, ainda tem os puxões de cabelo e mordidas na Luísa. E sempre com aquela carinha deslavada.
Tudo precisa ser à prova de Joana. E, mesmo assim, ela acaba por atacar.
"Chupam gilette, bebem xampu, ateiam fogo no quarteirão (...)". Acho que o poetinha  estava a descrever minha filha. Ou então ela é tão normal que faz a Luísa parecer a diferente. Será que é coisa de segundo filho? Será que eu era assim? Esculo, medo, como diria a Joana.
E a Luísa segue uma lady. O que gera bem menos assunto para o blog. Acho que alfabetizar-se sozinha com revistinhas da Mônica.
O temoo está quase acabando e o papel também. Recebo olhares desconfiados dos fiscais, ao verem meu caderno de privas todo escrito.
No último concurso do GHC (rodei, ao errar todas as questões de informática) transcrevi I-Juca Pirama no verso do caderno. Agora estou mais criativa...

30.09.2013
Aos curiosos: conferi o gabarito e não zerei informática!

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