sábado, 26 de abril de 2014

É um mundo pequeno, apesar de tudo...

Minha cabeça de mamãe está abarrotada. E quase tão desorganizada quanto o bureau do meu escritório. Há escalas de plantões, meu périplo semanal pela grande Porto Alegre (GPA para os íntimos), que horas vou fazer a mão, a última mazela social envolvendo algum curumim de quatro dias de vida, qual o próximo destino na GPA para fechar as contas do fim do mês, fora o pesadelo do imposto de renda. E as roupas das crianças para o inverno, e calças novas para mim, pares de meias para todos, tudo aceleradamente desfilando pelo meu encéfalo. Fora todo o resto.
Mas hoje, parou tudo. Hoje, fomos ver Mickey, Minnie e companhia a deslizar lindamente por uma pista de gelo. Fizemos a gincana, L., a pequena J. e a vovó. E eu, claro. Comprei cadeiras, desta vez, em vez da arquibancada. Numeradas, com encosto. E bem no meio. Incrivelmente, custavam menos. Saí equipada com um Tupperware com biscoitos e chocolate, além de caixinhas de suco, para qualquer eventualidade. As meninas estavam agitadíssimas, não queriam perder um minuto do show. Mas vovó e eu também aproveitamos. Eu, pelo menos, curti cada momento.
O que pode haver de errado em um mundo onde princesas, sereias, peixes e estrelas do mar dançam graciosamente sobre o gelo? Como pode haver maldade em qualquer canto da Terra enquanto um casal de leões desafia a gravidade em saltos e malabarismos mirabolantes? Não houve nenhuma obra da Copa no caminho da minha felicidade. Estavam do lado de fora.
Chamem-me de boboca, de infantil, do que quiserem. Mas foram duas horas em que só existiam a música, a dança e o gelo.
O negócio é bom. É bem feito, coreografias maravilhosas, figurinos deslumbrantes, música linda. E em português. Sabe esses patinadores que vemos nas olimpíadas de inverno? Melhores. Tranquilos e coloridos, pois não é a competição das suas vidas, mas apenas mais um dia de trabalho. Ninguém caiu. Nada deu errado. O cenário funcionou, a luz também. Nenhum incidente. Sem intercorrências. Pura magia. Valeu cada centavo pago, cada segundo.
Também para sentir quatro mãozinhas que me alcançavam enquanto a Wendy cantava aos meninos perdidos o que era uma mamãe.
Essa sou eu. A mamãe de cabeça cheia de coisas, neste momento esvaziada dos problemas e das coisinhas de míope. E cheias de fantasia. E para coroar, perguntei a cada uma, enquanto as colocava na cama, com que iriam sonhar. J. disse:
- Com a brilha, brilha estrelinha. E com borboleta. Vou sonhar com borboletas.
E L. disse:
- Vou sonhar com amanhã. Com as brincadeiras que vamos fazer amanhã.
E eu vou sonhar com a doce infância das minhas crianças. It's a small world after all.

Um comentário:

  1. Assino em baixo. Foi muito bom acompanhar a alegria e compenetração das expectadoras mirins.

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