quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ballet

Voltei a fazer ballet. Não que eu vá me tornar la prima ballerina assoluta da Ópera de Milão. Nunca foi essa a intenção. Mas é uma boa maneira de manter a forma física. Uma maneira a que me acostumei ao longo dos últimos 20 anos.
Comecei tarde no ballet, com 14 ou 15 anos. Para candidatas a prima ballerina assoluta isso é bem tarde. Dancei bastante, mesmo assim. À medida que a vida foi acontecendo, fui me tornando menos assídua.
O problema de dançar ballet é que é um tipo de atividade física de tal maneira instigante para o cérebro, que todas as outras parecem chatas aos olhos da (ex)bailarina. Nadar idas e voltas em uma piscina, correr em uma esteira (no parque melhora um pouco), musculação. Nada disso se compara ao desafio do movimento perfeito. A dança é como uma escultura, em que damos ao corpo uma determinada forma, músculo por músculo.
Minha irmã começou a fazer ballet com seus 15 anos. Na época, acho que fiz troça. Achava meio bobo, não tinha ideia do que era o ballet. Já tinha assistido a alguns espetáculos de escola, mas nada profissional. Então um dia, passava na Sessão da Tarde um filme chamado Emoções. Mikhail Baryshikov, Alessandra Ferri, Leslie Brown e Julie Kent. A história é é relativamente pateta. Mas a dança é soberba. Em uma determinada cena do segundo ato de Giselle, há um close da câmera nos pés da Alessandra Ferri. Ela dava uns pulinhos e subia e descia das sapatilhas de ponta com uma velocidade incrível, como se não estivesse a fazer nada. Naquele exato momento eu me apaixonei pelo ballet. Acho que ainda levou um ano para começar a fazer aulas. Mas lembro-me até hoje do fascínio de ver aqueles pés.
Hoje, danço com menos glamour. Não há ensaios nem provas de figurinos. Não há combinação sobre maquiagem. Não há o teatro, o frio na barriga. Mas a sensação é a mesma. Termino este texto com os músculos doloridos do trabalho. Estou fora de forma, acima do peso. Sinto-me, por vezes, como aqueles hipopótamos dançantes de Fantasia, do Walt Disney (se bem que dançam com uma leveza invejável). Ainda assim, pouca coisa me faz mais feliz do que dançar. E tomara que seja assim por muito tempo, hipopótamo ou não.

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