segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ser Mamãe

Ser mamãe é realmente maravilhoso, como Vinícius de Moraes nos explica no seu Poema Enjoadinho. Amo minhas filhas mais do que minha própria vida. Só que ultimamente, parece que meu único assunto são elas. Embora seja fascinante observar essas duas pessoas a tomarem forma e tornarem-se gente, fico a me lembrar que eu tinha uma vida antes delas nascerem. Eu já era médica, eu dançava ballet, eu adorava viajar. Sempre tinha um bom livro para comentar, um bom filme para compartilhar. Saía em botequinhos, tomava a fresca em noites claras de abril, como esta de hoje. A vida era maior que trabalho e bebês. Eu dormia à noite! Lembro-me daquele filme Hook, a Volta do Capitão Gancho. Dustin Hoffman, o próprio Capitão Gancho, em determinada cena, diz para a menininha algo como:
- Seus pais eram mais felizes antes de vocês nascerem. Eles namoravam sob a luz do luar, não tinham crianças repetindo incessantemente seus desejos mesquinhos e dizendo "eu quero, eu quero, eu quero, meu, meu, meu, eu, eu, eu, eu"
Não acho que eu fosse mais feliz antes das meninas nascerem. Não posso conceber minha vida sem elas. Se não as tivesse, desejaria profundamente a maternidade. Mas também sinto falta de todas as coisas mesquinhas e egoístas de que pessoas sem filhos desfrutam na vida.
Em resumo, não gostaria de não ter filhos. Mas sinto falta do tempo em que a minha conversa era mais interessante. Faz três dias que eu não consigo ler um livro. A maternidade tomou conta de todos os aspectos da minha vida. Preciso de um alter-ego menos maternal e mais adulto. Preciso de livros que não falem de pediatria, educação de filhos e bebês. Preciso ver filmes que não sejam dos Backyardigans. Esta imersão perene no universo dos bebês está minando minha inteligência.

Um comentário:

  1. Depois desta postagem, só me resta oferecer os meus serviços de babá ... por uma noite...

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