quinta-feira, 3 de maio de 2012

Circo

Fomos ao circo, Luísa e eu. Foi no feriado do Dia do Trabalho. E deu trabalho, fora as horas que eu trabalhei para pagar a brincadeira toda. Ocorre que elas ganharam na creche uma "cortesia" para assistir o circo e o espetáculo da Galinha Pintadinha. Cortesia, lógico, acompanhadas de um adulto pagante. Papai não se dispunha a ir. Ficou em casa com a Joana.
Tive a ideia infeliz de ir de carro ao Parque da Harmonia, onde estava montado o circo. Fui imediatamente estorquida em dez reais por um flanelinha (na verdade, um flanelão), que tinha o dobro do meu tamanho e era muito mal encarado. Sozinha, vulnerável, com minha filhinha de 2 anos, acabei por pagar. Caminhamos até a fila da bilheteria onde, faltando 20 minutos para o espetáculo, muitas pessoas esperavam pacientemente sob o sol. Entrei na fila, expliquei à Luísa que tínhamos que comprar o ingresso primeiro e esperar a nossa vez. Mas as pessoas que acompanhavam as crianças, todas ansiosas por ver a Galinha Pintadinha, não entenderam o conceito de esperar a vez. Talvez não tenham frequentado a pré-escola, onde aprende-se, entre outras coisas, a esperar a vez. Furavam a fila descaradamente. Não fiz um barraco em respeito à minha filha. Vontade não faltou. No meio do sol, da fila e dos "furadores" de fila, um palhaço parecido com o Curinga gritava:
- Olha o palhacinho de brinquedo! Toda a criança leva o seu, só quem paga é o palhaço do papai! - enquanto embolsava os reais dos pais palhaços para seus pimpolhinhos.
Finalmente, compramos o tal ingresso, entramos, sentamos. Para o bem dos animais, circos não podem mais contar com a fauna africana para divertir os espectadores. Mesmo assim, dá pra fazer muita coisa divertida sem bichos, como nos prova o Cirque du Soleil. Nem precisava tanto. Trapezista, mágico, equilibrista, palhaço e malabarista já fazem um bom circo. Tinha três palhaços, um malabarista razoável e uma espécie de equilibrista. E deu. Tudo meio decadente e engembrado. Luísa gostou do malabarista, não deu muita bola para o resto que, confesso, era mesmo bem fraquinho. E aí, depois do intervalo, ela, a Galinha Pintadinha em toda a sua glória.
Oito pessoas com fantasias de galinha, galo, pintinho amarelinho e outros personagens (até bonitinhas as fantasias) a pular em cima do palco, com um playback da Galinha Pintadinha. Sem nenhuma ciência. Sem coreografia identificável. Tentativas de girar piruetas de ballet na fantasia desengonçada da galinha. Sem sucesso, claro. A dor.
Luísa, felizmente, gostou das fantasias e ficou feliz. Valeu o preço para vê-la cantar as músicas do seu primeiro show de música.
No final, por uma quantia razoável de dinheiro, podia tirar fotos com a Galinha Pintadinha e sua turma. Felizmente, minha filha não quis nem chegar perto do bonecão. Decidimos tirar a foto com a galinha de pelúcia que ela tem em casa.
Para coroar a falcatrua, umas pelúcias de Galinha Pintadinha, feitas nos fundos do circo, grotescas e pouco reconhecíveis, além de DVDs piratas.
Resumo do circo: mistura de filme de terror, extorsão, falcatrua e tudo que o Brasil ainda tem de pior. Mas a Luísa gostou, cantou, encontrou um amiguinho e, à noite, teve pesadelo com os palhaços/curingas. Com tudo isso, valeu cada centavo e cada minuto de estresse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário