Noite passada, sonhei com o meus avós Olyntho e Mila, pais do meu pai. Sonho sem pé nem cabeça, como todo o sonho deve ser. Lá pelas tantas, estávamos dentro de uma piscina, e eu tentava falar com o vô. Algo se passava, e eu não conseguia conversar. No próprio sonho eu sabia o quão inusitado era aquele encontro. Queria perguntar a ele tantas coisas.
O vô Olyntho era pediatra. Ele morreu quando eu tinha uns 3 ou 4 anos. Tenho poucas recordações dele. Conheci melhor a vó, que se foi há pouco mais de dez anos. Mesmo assim, foi um convívio infinitamente menor do que aquele com meus avós maternos. Sinto uma nostalgia do tempo que eu não tive com eles.
No sonho, eu precisava me aproximar deles. Precisava perguntar como era a vida naquela outra época. Como era ser pediatra nos anos 1940 ou 50? Pagavam melhor? Como era a residência médica? Por que o vô não seguiu carreira acadêmica (ele publicou vários artigos no Jornal de Pediatria)? Era comum as pessoas publicarem assim? Talvez por eu ter seguido seus passos, mesmo com tão pouco convívio, precisava saber que tipo de pediatra ele era. (Aqueles que o conheceram, mesmo com o viés familiar, dizem que era um bom médico. Meu pai dizia que ele era quem procuravam quando os outros não tinham feito o diagnóstico. Uma espécie de Dr. House pediátrico porto-alegrense)
No sonho, eles não estavam em 2012. Eles estavam vivos e bem, lá pelos seus 40 e poucos. A vó tinha acabado de ganhar nenê, só não sei qual. Era como se eu tivesse pegado um trem e ido parar na década de 1940. Meio como aquele filme, Meia-Noite em Paris, em que passa um carro à meia-noite e leva o escritor, personagem de Owen Wilson, para a Paris do passado. Não tinha ninguém ilustre no meu sonho. Só o vô e a vó. Acordei no meio da noite com a Joana querendo mamar e, quando a coloquei de volta no berço para voltar a dormir, fiquei tentando "voltar" para o sonho. E na hora da sesta, de novo. Fiquei com o sonho na cabeça o dia todo, tentando saboreá-lo, antes que desaparecesse totalmente.
Acho que sonho também serve pra isso, né? Matar a saudade de alguém que foi embora há muito tempo. De alguma maneira, eles continuam vivos assim, quando pensamos ou sonhamos com eles.
É tarde. Vou dormir. Quem sabe eu não sonho com mais alguém querido, em outra época?
Nenhum comentário:
Postar um comentário