domingo, 12 de fevereiro de 2012

Palavras

Já escrevi várias vezes nete blog sobre a linguagem em desenvolvimento da Luísa, que está com 2 anos e 7 meses. Ela diz coisas ótimas. Esses dias, pediu para eu passar pomada no "cotovelo da perna". Fez todo o sentido. A coceira que ela tinha era, tecnicamente, na fossa poplítea, popularmente conhecida como atrás do joelho. Entendi exatamente onde ela queria a pomada. Hoje, perguntei se ela queria pão com requeijão na hora do café da tarde, ao que me respondeu:
- Sim. Com requeijão de uva. E requeijão de mumu (doce de leite em gauchês).
Já contei aquela da pessoa de brinquedo (uma estátua). Tem também o Osório. Para a Luísa, o Osório vem a ser a pracinha próxima a nossa casa de veraneio, situada na cidade de Osório. O Osório é somente a pracinha.
Acho ótimo que ela chama as aranhas de "dona aranha". Provavelmente por causa da música infantil:
"A dona aranha subiu pela parede
Veio a chuva forte e a derrubou
Já parou a chuva e o sol já vai saindo
E a dona aranha continua subindo"
- Olha, mãe uma dona alanha lá.
Outras coisas que ela fala são bonitinhas. Não são erradas e nem estranhas. São simplesmente bonitinhas. Ela às vezes olha para a Joana, agora com 6 meses, e diz:
- A minha Joana. É a minha irmãzinha. A Joana é a minha irmãzinha.
Ou então:
-A Joana vai crescer e o cabelo dela vai crescer - Luísa tem uma enorme preocupação com o crescimento do cabelo da irmã - e a Joana vai caminhar e vai comer arroz, feijão e carninha!
- Eu ela bem pequenininha que eu dormia nesse berço onde agola a Joana dorme. E eu ela bem pequenininha que eu mamava na mamãe - enquanto acomoda seu Pateta de pelúcia debaixo da camiseta para "amamentar" o Pateta.
Ficou muito idignada quando explicamos que o nome do vovô Zé era José:
- Não, NÃO - quase às lágrimas - É Zé! É vovô Zé! Não é José!
Outra construção interessante:
- Ninguém não vai me ajudar a tirar o meu chilelo! - enquanto senta-se no chão e tira o chinelinho, orgulhosa da própria independência.
Pouco a pouco Luísa vai perdendo seu discurso quase-non-sense de criancinha e vai tornando-se mais uma pessoa articulada, com um discurso mais parecido com o dos adultos. (Ela pratica muito, pois não pára de falar da hora em que acorda até dormir. Às vezes eu acho que ela fala pelo simples prazer de ouvir a própria voz) E eu me pego a tentar "engarrafar" estes momentos, estes discursos, estas falas.
Enquanto isso, Joana observa tudo atentamente com seus imensos olhos castanhos enquanto cochicha:
- Ba ba ba ba - vai lentamente aumentando o volume até gritar as sílabas a plenos pulmões, para o caso de alguém não ter escutado bem.

Um comentário:

  1. Que idades lindas e que bonito ver como vc observa tudo isso e registra!

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