terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Lógica

Adoro a lógica infantil. E adoro os erros que as criancinhas cometem enquanto aprendem a falar. Na verdade, acho que os seus erros dizem mais sobre sua fantástica capacidade intelectual do que os seus acertos. Quando acertam, muitas vezes apenas repetem algo que memorizaram pelo uso. Quando erram, usaram a própria cachola e chegam àquela conclusão por conta própria. Por exemplo, Luísa conjuga os verbos de uma maneira incrível. Perguntada se quer fazer xixi, responde:
- Eu já fazi!
Faz todo o sentido. Ela, com dois anos e oito meses, não sabe nada sobre verbos irregulares. Mas sabe que, quando falamos do passado, usamos a terminação "i": eu já comi, eu já saí e, óbvio, eu já fazi. Com menos de três anos ela consegue extrapolar uma regra de algumas palavras e generalizar o seu uso. E ninguém a ensinou isso. Ela aprendeu sozinha, somente observando a maneira como os adultos falam.
Enquanto isso, Joana aprende habilidades motoras. Está naquela fase deliciosa de enfiar os dedos do pé dentro da boca, com a maior naturalidade. E já consegue sentar-se firmemente e usar as mãos para brincar... por alguns segundos. Depois, vai caindo devagar até "capotar". E ri de tudo isso com as gengivas peladas.
Queria engarrafar a infância das meninas. Para quando forem adolescentes cheias de vontade eu me lembrar de cada um desses minutinhos deliciosos que passei com elas enquanto pequenininhas.

Um comentário:

  1. E fazer é um verbo da segunda conjugação, e ela entendeu que esses terminam em i no passado. Não é que esteja dizendo eu "puli" ou eu "canti". Acho o máximo como ela aprende cedo o padrão. Tenho uns livros de linguística aqui, sobre aquisição de linguagem, que deveria ter lido no mestrado. Deve explicar como isso funciona cognitivamente.

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