quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Hoje atendi uma senhora grávida do seu décimo-primeiro filho. Rapidamente, fez questão de me dizer:
- Criei todos, doutora. E todos do mesmo marido.
Tinha mais ou menos 8 meses, mas ela já estava em trabalho de parto, com várias contrações durante a consulta e 4 centímetros de dilatação. Mandei-a ao hospital, pois após 10 partos vaginais, imagino que este vá sair andando. E o posto de saúde não é um bom lugar para ganhar nenê. Outra gestante, esta no segundo filho, também foi ao hospital, desta vez por sofrimento fetal agudo. É estranho. Passo semanas ou meses atendendo consultas de pré-natal sem mandar ninguém ao centro obstétrico. De repente, duas no mesmo dia. Pela manhã, havia atendido dois jovens com possível doença hipertensiva. Incomum para pessoas de menos de 30 anos. Um em cada consulta, sem relação alguma entre eles. Me lembro de um velho professor que costumava afirmar que as doenças sempre vêm aos pares. Mas o que mais me cansou hoje foi a diversidade do atendimento. Entre um e outro hipertenso, criança com febre, uma ferida no pé de uma diabética grave e uma provável gestação em uma menina de 13 anos. À tarde, no meio das gestantes, uma suspeita de tuberculose, uma criança com conjuntivite e uma senhora com dores no corpo e na alma.
É como estar em uma biblioteca e ter que acessar uma prateleira em cada extremo da sala, uma atrás da outra.
Tenho saudade dos plantões em pronto-atendimento pediátrico, onde as doenças (infecto-contagiosas, na maioria) não chegam aos pares e sim aos bandos. É mais monótono, mas o cérebro cansa menos. Às vezes sinto que sou uma loja de departamento, direcionando os pacientes dentro da minha cabeça, um para cada setor.
Estamos decorando o posto para o Natal. E estamos arrecadando roupas, brinquedos e alimentos para distribuir para as famílias mais pobres na semana do Natal. Quem quer ajudar levanta a mão.

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