terça-feira, 6 de março de 2012

Morfeu

Dormir, ultimamente, tornou-se uma obsessão. Não que Joana tenha alguma vez dormido propriamente bem. Mas é que agora, enquanto estava doente, ficou ainda pior (lembro-me do meu pai, que adorava dizer "nada está tão ruim que não possa ficar ainda pior"). Meus bebês nunca foram de dormir a noite toda. Luísa demorou uns 18 meses para isso. E a Joana ainda tem 7 meses. Devo fazer alguma coisa errada, ou então é da natureza delas demorar a dormir. Recuso-me, no entanto, a usar esses métodos de "deixar chorar". Uma vez, no meio do desespero da privação de sono de quando a Luísa era bebê, cheguei a tentar. Durou 45 minutos. Até que estávamos as duas aos prantos. Abracei meu bebezinho bem forte e prometi que não iria mais seguir teorias "miraculosas" que envolvem sessões repetidas de choro. Sei que para algumas mães pode ter funcionado. Mas para mim foi tortura. E acredito que para ela também tenha sido.
Invejo essas mães de bebês pequeninhos, de 2 ou 3 meses, que contam que a criança "dorme a noite inteira". É bem verdade que, ultimamente, por curiosidade científica, comecei a explorar o tema nas consultas de puericultura.
- Dorme a noite inteira, é? Como é isso, tu botas na cama às 8 e ele vai até o outro dia de manhã?
Invariavelmente a resposta é não. Claro, existem anjos que realmente dormem a noite inteira. Mas a grande maioria dos nenês de menos de 6 meses não dormem tanto. A mãe responde:
- É, doutora, só acorda pra mamar.
- Ah, acorda pra mamar. E como é isso?
- Ele acorda umas 3 ou 4 vezes à noite para mamar.
Buenas, isso não é dormir a noite inteira. Isso é acordar 3 ou 4 vezes ao longo da noite. Fico feliz pelas mães, satisfeitas com o sono dos seus pequeninos. Mas eu tenho muita saudade de quando eu ia dormir à noite e acordava no outro dia. E podia haver um alerta de bomba H no meu ouvido e eu não acordaria.
Desde que as meninas nasceram o meu sono nunca mais foi o mesmo. Mesmo quando elas dormem. Sempre espero ser acordada por um choro, um chamado, um resmungo.
No outro dia, a Joana dormiu umas 3 horas seguidas. Nos últimos meses isso tem sido muito raro. Quando dei por mim, estava a observá-la, quase assustada, para ver se respirava. Achei naquele momento que era a mãe mais neurótica do mundo. Mas não pude evitar.
Sei que ela vai aprender a dormir um dia. Pode demorar um mês ou mais um ano. Mas cedo ou tarde ela dormirá "a noite inteira". Enquanto isso, tiro cochilos sempre que posso, inclusive no meu horário de almoço, recostada em algum lugar que eu achar oportuno e discreto. E às vezes, chego achar o Ferber natural.

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