Foi assim: a Luísa ganhou de uma amiga minha um leãozinho de pelúcia amarelo. Cantarolei pra ela O Leãozinho, de Caetano Veloso. Ela adorou. Seu pai tentou cantar (eu estava amamentando a Joana, que estava quase dormindo) mas não lembrava da letra. Aí, ele procurou um cd para tocar a música, mas também não achou. Tive uma ideia brilhante: tocar no violão. Há 15 ou 20 anos eu sabia tocar a música. Acho que fazia uns 2 anos que eu nem tocava no violão. Não sei quando e nem porque parei de tocar. Aquelas coisas que deixamos pelo caminho.
Terminei de amamentar e fui pegar o violão. Acho que lembrava de cor, mas peguei o livro de música. Toquei O Leãozinho inteiro, ela vidrada no violão. Tive que tocar mais duas vezes. Na última vez, já tentava cantar junto. Pode ser que a música no cd fosse mais bonita, a voz menos fanhosa e tudo o mais. Mas ela adorou O Leãozinho ao vivo. Queria tocar o violão junto. É mais fácil para uma criancinha sentar no piano do que tocar violão. O violão é bem maior que ela, literalmente. Mas ela bem que ela tentou... E me disse umas duas ou três vezes:
- Qué tocar violão.
Na sequência de tudo isso, catei no quartinho dos fundos a minha pasta de músicas. Aquelas músicas que qualquer violonista que se preze vai juntando por aí. Vai xerocando dos amigos e atafuiando numa pasta pra poder tocar nos churrascos da faculdade. A pasta começou bem antes da faculdade, frequentou galetos do Colégio Rosário e todos os “churras” da Famed. Fazia sucesso (a pasta, não eu). Mas eu me divertia. Ela é bem eclética: Beatles, Engenheiros do Havaí, Raul Seixas, Mutantes, Legião, ... De tudo um pouco. No meio da pasta, um tesouro: uma música que o meu pai compôs. Ele sempre falava mal da canção, dizia que rimava amor com flor (é verdade). Mas a música é bonita. Enchi-me de saudade. Ainda me lembro da melodia. Acho que vou gravar, voz fanhosa e tudo, para não se perder.
Segue a letra:
Uma mensagem de esperança
Agitou minha vida mansa
Até peguei meu violão, tanto tempo sem ação
Troquei de roupa,
Deixei o juízo
E fui pra rua vestido de sorriso
Andei com gente
Diabo a quatro, fiz misérias
Há tanto tempo que da dor não tinha férias
Comi pipoca, andei de bonde
Fui parar não sei aonde
O que interessa é que eu estou me apaixonando
Não há tristeza que resista
À luz de um amor à vista
A questão é procurar sem ter medo de se dar
Trocar de roupa
Roubar uma flor
Voltar pra casa sorrindo um novo amor
Olinto Gabriel Lovato
Bebsinha! Que foto linda! Parabéns também ao autor... Eu lembro da música do teu pai, acho que até sei uns pedacinhos de cor. Legal ensinar para as baixinhas.
ResponderExcluirAdorei a música! Eu não me lembrava. Que lindo...
ResponderExcluirÉ bonita, não? Queria não esquecer a melodia.
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