segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Xampu


Dia desses deu na TV umas coisas sobre o início do Plano Real e todos os planos que o antecederam. Imagens da época do Sarney, do Collor, de tudo isso. E apareciam os supermercados (desabastecidos, na sua maioria, por causa dos congelamentos e toda aquela loucura). Não mudaram muito, mas fico tentando me lembrar como era a vida naquela época.
Não tinha muito shopping. Tinha o Iguatemi, mas era lá longe (pra quem morava em Ipanema) e era um programa a ser planejado com antecedência. O fast-food da época eram as lanchonetes dos supermercados. Lembro-me de comer na sobreloja do Dinosul, que era bem  legal, tinha um bazar do lado, vendia discos (bolacha-preta, lógico), roupas, brinquedos, coisas para casa. Tinha também o Zaffari Higienópolis, que tinha escada rolante, muito chique. Era um programão ir numa lanchonete dessas no final da tarde, na volta para casa.
A gente estudava no finado Santa Rosa de Lima, que tinha um uniforme meio bizarro. Era uma saia cinza de plissa larga e uma camiseta vermelha. Fazíamos natação no centro porque a minha mãe trabalhava na restauração da Casa de Cultura Mário Quintana e era perto. Mais adiante, íamos no Cultural depois da escola. Tinha uma biblioteca muito bacana, que tinha até gibi em português. Ha via aquelas revistas Mad, que eu achava o máximo. E a gente podia pedir pra ver um filme. Era em inglês sem legenda, meu inglês não era tão bom assim, mas eu adorava. Pedia pra ver sempre os mesmos: Casablanca e Back to the Future.
Mas a maior nostalgia dos anos 80 eu sinto quando estou no setor de xampu do supermercado. Como a vida era simples. Existiam provavelmente duas ou três marcas de xampu e acho que uma de condicionador. Aliás, condicionador se chamava creme rinse. Havia xampus para cabelos normais, oleosos ou secos. Colorama ou Palmolive. E o creme rinse era Neutrox. Tinha o Neutrox 1 e o 2. Um era rosa e o outro era amarelo. Sempre comprávamos o amarelo, não tenho a menor ideia por que.
Hoje, gasto horas preciosas da minha vida tentando descobrir qual o melhor xampu para o meu cabelo. Começo a acreditar que, na verdade, não faz muita diferença. Mas o impacto de todas aquelas marcas, tamanhos, qualidades e preços confundem a cabeça de quem nasceu no século passado. Qualquer escolha implica alguma perda (do que eu não escolhi). Nos anos 80, eu tinha que escolher entre três tipos. Hoje, são infinitos. Eu sei, é melhor ter mais opções, mais liberdade, mais concorrência. Mas quando não se conhecem mais opções, liberdade e concorrência, a vida é mais simples com três qualidades de xampu. Nostalgia...

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