quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Bagunça

Não é novidade e provavelmente acontece na vida da maioria. A bagunça é um monstrinho que vai se nutrindo da preguiça, da falta de tempo e das boas intenções. Com criança, a tralha aumenta exponencialmente (e a bagunça, por consequência). Decidi atacar um pedacinho do monstro antes de voltar a trabalhar. Uma daquelas boas intenções que, como um bom vinho, precisa de tempo para amadurecer até se transformarem em algo concreto e bom. Comecei pelo quartinho da área de serviço. É tanta tralha que eu não sei nem por onde começar. Cheguei a escrever para um reality show do GNT, mas sequer responderam meu e-mail. Acho que não sou bagunçada o suficiente. Mas o quartinho me lembra aquele programa que passa na TV a cabo chamado Acumuladores. É assustador o que a gente junta ao longo da vida. Eu tenho a tendência a me apegar às minhas coisinhas. Coisinhas inúteis, mas que estão associadas a alguma memória de algo que ficou para trás. Como resultado, uma montanha de memorabília inútil, juntando pó e atravancando meu apartamento.
Já levei três caixas de revistas velhas e livros que ninguém lia há muito tempo para o Asilo Padre Cacique. Sempre cresci com a sensação de que não podemos nos desfazer de livros. Mas eu simplesmente não tenho espaço para guardar todos os livros que alguém muito querido me deu, mas que eu não tenho o menor interesse em ler. Simplesmente porque há um número reduzido de horas no dia e um número infinito de livros para ler. Preciso de um ranking. Há livros que não serão lidos, por mais que pareçam interessantes.
Descobri (perdoem a ingenuidade) que é preciso ter menos coisas para aproveitar aquelas poucas coisas. Então, estou me desfazendo de coisas. Achei que o marido seria um aliado. Que engano... Aparentemente, revistas de trabalhos manuais importadas podem (e devem) ser jogadas fora, mas pilhas e pilhas de Quatro Rodas de seis anos atrás são intocáveis. Nunca o vi sequer folhear um revista anterior a 5 ou 6 meses. Mas lá está a pilha de revistas, intocável, na estante do corredor. Tentei bani-las para a garagem, mas nem isso eu consegui.
Sigo vendo os Acumuladores de vez em quando. Eles têm seu impacto. Fico imaginando um futuro sombrio, onde todos me abandonam porque não conseguem entrar na minha casa, um pesadelo.
Até agora, não dei falta de nada que tenha jogado fora. Achei algumas preciosidades reais em caixas desde a época da mudança (há 5 anos). Algumas que eu realmente procurara mais de uma vez e tinha sentido falta. Essas ficaram, como o livro de fisiologia que meu avô estudou, há 70 anos, na mesma faculdade em que eu estudei. Também guardei o meu primeiro livro-texto de pediatria, para que as minhas netas tenham o livro que a avó estudou, daqui a sessenta anos. Mas só um. Os outros foram doados para a biblioteca da Faculdade. Embora desatualizados, ainda podem ter utilidade.
O próximo desafio é ensinar minhas filhas a não se apegarem tanto às coisas, para que não levem 34 anos para fazer uma grande faxina.

3 comentários:

  1. Quando acabar aí, pode vir para cá, me ajudar...

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  2. hahahaha... Alguém tinha me prometido uma ajuda durante a licença maternidade, aquela que acaba em 3 dias...

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  3. Eu bem que tentei... Até fui aí um dia e retirei tralhas, lembra?

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