sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A Feira

É época de Feira do Livro, que pra mim é melhor que Natal. Cheguei agora em casa, o marido, a Joana e eu. A Luísa irá na próxima semana. Tudo muito bem, andar pela feira com a família. Todo mundo faz assim. Não há muitos solitários pela feira. A maioria anda aos bandos.
Mas para mim, a Feira do Livro é um passeio solitário. Para ser aproveitado ao máximo, é preciso estar só. É preciso não ter que se preocupar com mais nada. Só andar por entre as bancas, xeretá-las uma a uma. Folhear os livros mais bizarros, aqueles que poderíamos ter vergonha de folhear na frente dos outros. É preciso gastar um tempo enorme em cada balaio, tentando achar uma preciosidade pessoal por uma pechincha... Aqueles livros que só EU gosto. Os que todos os outros acham idiotas. Os títulos inconfessáveis.
É um passeio egoísta. Não quero esperar os outros acharem seus próprios tesouros. Eu estaria perdendo um tempo precioso.
Talvez isso aconteça por eu ter tão pouco tempo de ir à Feira com calma e sozinha, entre uma mamada e outra. Em outras edições, solteira e sem filhos, achava até interessante a companhia de alguém. Outros insights, outras sugestões de leitura e de conversa. Mas nos últimos três anos, tudo é muito rápido e corrido. Tenho que desenvolver uma estratégia para conseguir ver o mínimo que é fundamental para mim. Ando rapidamente por toda a feira, para sentir o ar e localizar possíveis bancas com tesouros. Depois, volto naquelas principais e, rapidamente, me decido por comprar algo.
O problema também de comprar os livros bizarros e pouco populares é trazê-los para casa. Fora todas as paredes forradas de livros de todas as qualidades que eu já tenho. Onde por mais livros? Quando ler mais livros? E como justificar ao outro adulto da casa aqueles títulos pouco convencionais? Em anos anteriores já trouxe livros escondidos e, sorrateiramente, coloquei-os na estante. Ao ser questionada, confesso que me fiz de louca e disse:
-Quê, esse livro? Não, não, está aí desde antes de casarmos... Não, olha como já é velho (lógico, foi comprado usado...)
Nem sempre funciona, mas vale a tentativa. Na Feira do Livro, sempre vale a tentativa.

4 comentários:

  1. Lindo blog, Isabel! Adorei o relato da pracinha. Elas vão se divertir lendo um dia.

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  2. Parabéns pelo blog!!
    Infelizmente a feira para mim nunca mais foi a mesma depois dos meninos,kkk
    É um tal de mãe olha esse,mãe quero todos, mãe quero ir lá, mãe quero fazer xixi, mãe tô com fome, mâe vamos embora? Caos, rsrsrsrsrsr.

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  3. São três letras apenas, essa palavrinha, "mãe". Mas que palavrinha maravilhosa que ocupa lugar nas nossas mentes e nos nossos dias... E para eles, é tão fácil de dizer. Me lembro daquela frase famosa:
    - o que é que tu não me pedes sorrindo que eu não faço chorando.

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  4. Não sei bem se acho graça ou choro, vendo os comentários sobre as mães e seus filhinhos...

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